terça-feira, 3 de agosto de 2010

O último dia de um suicida

Mas são tantas as opções, as possibilidades.Olha fixo para o pedaço de vidro que estava a sua mão no momento.Na cabeça de um suicida não há lugar para vírgulas, reticências aspas dois pontos ou travessões apenas para pontos finais flashes relances pensamentos tortos tortuosos cenas emolduradas por uma mente iconoclasta. A mente iconoclasta concentra em si todos os elementos do cosmos fogo água terra ar e tudo e todos conspiram contra si sufocando-a. Não é o sofrimento que alimenta essa mente é o vazio a impossibilidade de tocar o audível de não ver o palatável de não ouvir o incolor de não saborear o intocável. Um cansaço. O caco de vidro segue em suas mãos.Nessa hora é que vem o momento da interrogação. Mas nem a interrogação é interrogação é um ponto final camuflado. O que seria da vida dali em diante.Seria esse vazio a falta de liberdade os limites que a vida nos impõe. A morte não tem limites. A morte é uma linha reta infinda enquanto a vida é um segmento de reta e para o suicida um ponto. Se é final ou não já é outra história. Talvez não haja ponto final porque não há fim para o que não teve início. Só há início quando há sensação plena e liberdade para sentir.Talvez a mente suicida esteja mesmo fatigada de meias-sensações meias-cores meios-sons meios-sabores.A vida é subalterna à morte. Sempre foi assim e sempre será. O ponto impera sobre as vírgulas reticências e afins assim como a morte impera sobre o caleidoscópio de semi-sensações que é a vida. Só a mente suicida é capaz de compreender que o caos de cores no caleidoscópio são sentidos estilhaçados que as mentes comuns limitam-se a contemplar como expectadores isentos e insossos. O que ela quer é muito mais que restos farelos vestígios resíduos. Quer viver intensamente e caleidoscopicamente. O vidro na mão.Se há sangue ou não.

3 comentários:

  1. Sem palavras!
    O caco na mão...Suas palavras rodopiando na minha cabeça que não é um caleidoscópio. É uma profusão de pensamentos cinzentos e amorfos pela perplexidade.Seu texto me devastou, mas sou Fênix que volta e meia renasce das cinzas. Renascerei uma vez mais. Até quando?
    Você escreve muito bem. Continue e será a grande estrela da Faces, se quiser.

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  2. Achei o texto muito bom apesar de conter mais uma vez o tal redemoinho de frases descontinuadas que vão formando um nada frondoso e expetacular.
    Não sei se existe folego de suA parte para enveredar numa história de ficção; gostei muito de uma frase que está escondida no texto: "A vida é subalterna à morte".
    Escreve mais Giu, por favor!
    Abraço!
    Zeca

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  3. Gostei de MUITAS frases.

    "Na cabeça de um suicida não há lugar para vírgulas, reticências aspas dois pontos ou travessões apenas para pontos finais[...]"

    "A morte é uma linha reta infinda enquanto a vida é um segmento de reta e para o suicida um ponto. Se é final ou não já é outra história."

    "A vida é subalterna à morte."

    Você é muito inteligente, Giulia. Espero que a poesia seja catarse para você *se* resolver.

    Muitos pontos finais e poucas vírgulas. humf *fica pensando*

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