quinta-feira, 1 de agosto de 2013

A ideia de Deus

Às vezes penso no Universo como uma grande matrioshka. A gente vai tirando uma por uma até chegar à ideia de Deus. E Deus é essa última matrioshka, única e indivisível. A ideia de Deus é muito mais acessível ao pensamento humano do que todo o Universo. Deus fez o homem à sua imagem e semelhança? Ou o homem “fez” Deus à sua imagem e semelhança? E por que o homem assim o teria feito, se para criar um ser Todo-Poderoso e onipresente ele poderia usar de toda criatividade de que dispõe? Não poderia Deus ser uma luz? Uma energia? Ou até amorfo? A resposta para isso, em minha opinião, reside no seguinte fato: a mente humana é incapaz de dimensionar o infinito, um sem-fim desconhecido, apenas finge conhecê-lo na literatura dos séculos, em símbolos que representam e dão a ideia de infinito. Mas como representações humanas, são forçosamente finitas. E antes mesmo que uma mente humana começasse a tentar imaginar esse infinito, se encheria de medo e se reduziria à sua pequenez. Então, qual a solução perfeita para esta equação? Uma transferência pictórica. Substituir essa imagem atemorizante e essa sensação de angústia diante do desconhecido por uma imagem mais que conhecida: a do semelhante. Deus é o familiar, é o afável. Não me dê poeiras cósmicas, buracos negros e supernovas. Isto não está ao meu alcance. Dê-me os braços de meu pai que muitas vezes me acolheram e os olhos ternos de minha mãe. Dê-me conforto. Isto é Deus. O resto é física quântica. Enquanto isso,  vou me encolhendo, procurando abrigo nessa grande matrioshka, com homens que parecem Deuses e um Deus que parece homem.